Querida câmara da cidade onde vivo...

Querida Câmara da cidade onde vivo...

Sabes, quando para cá vim morar senti desalento... Custou a habituar-me... Mas aos poucos foste-me conquistando... Devagarinho...

Habituei-me ao centrinho... Caminhei bastante por lá...

Criaste o parque da cidade... Criaste as hortas... E eu, que sempre achei que "não tinha nada a ver com a terra" senti o chamamento... Inscrevi-me e fiquei com um talhão... Achei que era uma oportunidade gira para mostrar à minha pequenina, que agora vai crescendo, como funcionavam as plantas, desde a sementinha... Depois, vinha o segundo filho a caminho e tive que desistir da horta... Era contra as regras pedir ajuda ao vizinho por tanto tempo...
Veio o menino... E era hora de voltar à terra... Não voltei para o parque da cidade, mas para o terreno do meu sogro...

A hortinha cresceu e quis mais... Quis experimentar algo novo... Veio a estufa, veio a cultura experimental de tomates Indigo Rose... Cresceram, foram apresentados a algumas pessoas tinham potencial, íamos por aí... Surgiu a Horta da Minhoca, seguindo alguns dos princípios da agricultura biológica.  (podem ver toda a memória fotográfica da estufa, desde a sua constução, aqui).

Alguns meses depois veio o 3º filho e seis meses depois iniciou-se um novo ciclo... A primeira filha entrou na escola primária... Aqui começa um novo ciclo de necessidades, um novo ciclo de ideias... As nossas necessidades eram partilhadas por mais pais... Podíamos arranjar alguém que fizesse o que queríamos, como queríamos, ou podíamos pensar numa solução que nos servisse e que pudesse servir outros... Podia ser um negócio próprio, afinal, na nossa cidade não existe nada como pretendíamos criar...

Fiz algumas reuniões na câmara para avaliar a possibilidade de licenciar, como fazer, o que era preciso, o que não era... Estive no gabinete de apoio ao empreendedorismo, onde gostaram muito da ideia... Tudo parecia simples... O único problema (na altura) seria o financiamento da construção... Mas vê lá tu... Conseguimos investidor... O terreno seria onde estava a estufa... Pelo que tinham dito seria pedir o destaque do terreno aquando da entrada do projeto de arquitetura, quando a construção estivesse pronta avançar para o pedido de licenciamento e estava pronto. Tudo o que fosse necessário tratar da outra parte do terreno seria feito em paralelo, para não impactar nada... Não seria um processo moroso...  assim nos disseram... Assim acreditamos... Avançamos...

A minha estufa, que estava a ficar, finalmente, como eu queria foi desmontada... A Horta da Minhoca foi descontinuada... Assim, logo que as coisas entrassem na câmara, seria para começar a construir para, idealmente, em Setembro abrir as portas ao público...
Mas não foi simples... Não está a ser simples... O destaque ainda não aconteceu, e para acontecer, construções antigas têm que ser atualizadas/legalizadas... Nada contra essa parte de legalização... Mas não podia ser em paralelo? Como nos fizeram acreditar que aconteceria?

Minha querida Câmara Municipal da cidade onde vivo...
Acolheste-me... Contribui com 3 para a tua taxa de natalidade... Quis melhorar as condições para os meus, e proporcionar essas condições para outros... Fizeste-me acreditar que era possível e até era simples...  Vê lá, quando o projeto estivesse concluído até farias publicidade nos teus canais de comunicação! E seria assim, minha querida, se a licença saísse (a de construção, ainda... porque depois há mais licenças a tratar)...

Como não saiu, ou pelo menos ainda não saiu... O tempo passa... As oportunidades passam... A minha estufa e o meu projeto já foi... E este projeto, tendo em vista melhorias consideráveis à oferta existente está por um fio...

Não gosto de me sentir enganada e neste momento sinto que me enganaste...
Fico triste, muito triste que assim seja... Acreditava em ti... Acreditava que também podia contribuir... Afinal não deixas...